Se eu já tinha amado a música Mother’s Daughter, agora com o vídeo estou ainda mais apaixonada e será difícil tirar do replay. Sentia muita falta do pop que faz críticas sociais de empoderamento feminino como as cantoras de antigamente costumavam fazer, por isso me encantei tanto com o clipe, que lembra uma mistura de Madonna(em Human Nature) com Britney Spears(em Oops!… I did It Again) sem deixar de ser Miley Cyrus – polêmicas são como refresco!
Apesar da simplicidade minimalista visual, a mensagem que carrega é tão densa que pode ser pesada para muitos espectadores. Ela vem esfregar na cara o poder da mulher e ri ironicamente dos estereótipos que a sociedade incute ao tentar nos aprisionar. O vermelho representando o pecado e a fúria, um objeto sexual que pensa, uma armadilha para os homens, uma femme fatale, alguém que luta pelos direitos de liberdade e celebra o sagrado feminino. Se eu fosse fazer um clipe, com certeza iria querer algo semelhante.
so don’t fuck with my freedom
i came back to get me some
i’m nasty, i’m evil
must be something in the water or that i’m my mother’s daughter
Hoje viralizou um vídeo onde nossa ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos fala que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa” nessa nova era do governo. Mas será que as pessoas realmente sabem a origem da simbologia de cores ligados ao sexo? Por que meninos usam azul e meninas usam rosa? É para isso que a história da moda existe e irei explicar de maneira didática e simples.
Segundo o livro “The Story of Colour: An Exploration of the Hidden Messages of the Spectrum” do Gavin Evans, onde ele fala sobre a cultura das cores, entre o final do século XIX e início do século XX as mães costumavam ouvir que se elas queriam que seus filhos crescessem másculos, era necessário vestí-los de cores masculinas, como o rosa e se quisessem que as meninas crescessem bem femininas, teriam que vestí-las de azul. Sim, ao contrário mesmo! A origem disso vem da Europa, onde a cor azul era associada com o feminino por conta do manto da Virgem Maria, uma cor serena que transmitia calma e ternura. Já o rosa era uma versão para os meninos da masculina cor vermelha, que era uma cor quente, viríl, representava lutas e guerras e também a cor do manto de Jesus Cristo.
Gradualmente isso foi mudando pela metade do século XX, mais precisamente no pós-guerra, pela década de 1950, onde havia fortes propagandas criadas pelas agências de publicidade que induziam as pessoas a aceitarem o rosa como uma cor exclusivamente feminina, o que fez com que a mudança fosse aceita muito rapidamente.
Vale constar também que antes de tudo isso, todos os bebês usavam roupas brancas, pois era muito mais fácil de limpar e não desbotavam com o uso de produtos de limpeza fortes que serviam para tirar manchas, além de poderem ser repassados para todos os filhos da família. O detalhe é que na época do branco, independente de gênero, todas as crianças usavam vestidos por serem mais práticos também. Os meninos começavam a usar calças apenas depois do primeiro corte de cabelo ou ainda mais adiante.
Assistam o vídeo abaixo para uma versão bem completinha e resumida sobre o assunto (é em inglês, mas basta ativar as legendas com tradução automática):
Sei que a intenção da ministra não foi uma mera trivialidade sobre moda, também não há nada de ingênuo em uma afirmação colérica assim, apenas expõe a homofobia que permeia a mente de milhões de brasileiros. Estamos em 2019, já vivemos quase 2 décadas de um novo século, mas as palavras e pensamentos que imperam no Brasil nos últimos tempos parecem advindas de outrora, de tempos sombrios. Nossa Idade Média já chegou e as piras estão sendo preparadas para arder em chamas quem eles julgarem como bruxas.
Desejaria começar o ano otimista, mas está difícil, a ignorância se fortalece a cada dia. Os preconceituosos haviam sido marginalizados mas agora lutam para voltar ao topo e tentam resgatar a única forma de sentirem um gostinho de superioridade depois de se constatarem inferiorizados com o avanço da igualdade social que as minorias estavam conquistando. As pequenas bolhas do WhatsApp e Facebook são os novos “guetos” modernos. Um grito que foi ouvido pelos evangélicos, que estão sempre prontos para socorrer coitadinhos (desde que passem pela triagem de “cidadão de bem”, é claro). Os que faziam vítimas agora viraram as próprias vítimas e buscam suas salvações em um milagre divino chamado… vocês sabem quem.
Busquem conhecimento, pois só isso é capaz de nos salvar dessa lavagem cerebral.
Aproveito para deixar aqui alguns links que complementam o assunto: