Emma Watson, feminismo e a repressão sexual da mulher

Emma Watson – uma feminista de carteirinha que é inclusive embaixadora da campanha He For She, que estimula homens a defenderem os direitos das mulheres – está sendo atacada injustamente pelas feministas radicais por ter feito uma foto para a Vanity Fair onde mostra demais os seus seios.

Ela se defendeu em uma entrevista recente, dizendo:

 “Feminismo é dar poder de escolha às mulheres,
e não um bastão com o qual você as ataca!
Feminismo é liberdade, liberação, igualdade!
Não sei o que os meus peitos têm a ver com isso. Fico confusa!
Isso só me revela o tanto de equívocos e mal-entendidos
acerca do que é o feminismo.”

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Em tempo, achei as fotos da Emma maravilhosas!

Mas, primeiramente, preciso falar sobre a minha história. Quando eu era criança e até os meus 17 anos, me considerava feminista e levantava a bandeira com muito orgulho. Até que algumas pessoas radicais começaram a usar esse rótulo, manchando-o de uma maneira que passava bem longe dos meus ideais de poder feminino. Lá pelo começo dos meus 20 anos, pulei fora de todo e qualquer rótulo, continuei lutando pelo o que eu acreditava, mas tipo numa “carreira solo”, sem fazer parte de grupinhos. Gosto de ser assim, meio lone ranger.

Foi depois que fiz esse blog e comecei a publicar minhas fotos que o rótulo de feminista desandou de vez para mim. Comecei a ser extremamente agredida por várias mulheres que se intitulavam feministas: era constantemente chamada de mulher objeto, de bonequinha dos homens, machista e etc. Tudo isso porque elas achavam que eu era sexualizada demais. As minhas roupas muito curtas, o meu exibicionismo em relação ao meu corpo e o conteúdo com conotações sexuais do meu blog eram ofensivos para o movimento feminista. Sendo que em nenhum momento eu falei que levantava essa bandeira e sempre deixei claro que abominava o machismo. Sem contar que perdi até um emprego por causa desse policiamento exacerbado e fora de controle que havia na época. Faltava rumo, direção, organização e centramento no feminismo do Brasil. Então, obviamente peguei um certo nojo da palavra, assim como muitas pessoas.

Comecei a chamar então essas meninas de “feministas por conveniência”, pois elas lutavam apenas contra a parte do machismo que elas achavam errada. As outras convenientes para elas, na época, elas aceitavam de boa. Então vi aí uma hipocrisia sem tamanho. Eram machistas disfarçadas, querendo apenas atacar e acabar com as mulheres que elas não conseguiam ganhar na batalha patriarcal. Atacavam então as mais bonitas, as mais confiantes, as mais poderosas, as mais qualquer coisa. Exatamente como a cartilha dos homens mandava. Ok, fui aguentando aquele desfile de burrice chegando no meu inbox diariamente.

Sei que foi um período de transição em que muitas mulheres ainda estavam descobrindo o feminismo e não sabiam muito bem como aquilo funcionava ou quais batalhas eram delas, então perdoo esses atos de completa ignorância. Eu também não era perfeita e cometia os meus deslizes. A Beyoncé chegou em 2013 trazendo o movimento ao mainstream e demorou mais alguns anos para que a poeira e os ânimos baixassem, então só agora parece que o grupo aumentou e tomou a forma certa, focando sua luta contra apenas o machismo.

Apesar de eu apoiar a igualdade entre os sexos e continuar lutando contra o machismo, ainda acho difícil usar o rótulo de feminista, pois para mim ele será sempre maculado. Todo e qualquer grupo há ignorantes e extremistas no meio, por isso não gosto de colocar uma etiqueta nas minhas costas. Não é por isso que não tenho empatia pelo grupo ou sou contra ele, nem que eu não pertença a ele. Na maior parte do tempo temos as nossas lutas, mas não gosto de ser excluída de um círculo se tenho uma opinião contrária e também não me sinto bem fazendo parte de padrões pré-determinados sabe-se lá por quem. Sempre tem uma ou duas pessoas que se acham as donas do movimento, ditando regras e influenciando as mais fracas. Acredito muito em hierarquia, já que é da natureza humana isso existir em QUALQUER grupo. Então tenho um pé atrás até hoje. Mas nem por isso sou contra o feminismo. Espero que algum dia ele se torne tão puro quanto a sua teoria e não seja excludente, por exemplo, com os problemas de negras, periféricas e transsexuais. (Já está próximo disso!)

O que essa intro toda tem a ver com os peitos da Emma Watson? Tudo!

Enquanto houver radicais, haverá desmoralização de todo o movimento. Enquanto algumas mulheres lutam de verdade por melhoras visíveis, como a Emma, outras preferem apenas atacar e proferir julgamentos vazios, colocando todos ao redor em uma balança do “bom e do mau”, julgando a todo instante detalhes ínfimos e sem valia nenhuma para o restante das mulheres. Isso dá ignição para os machistas e opositores se fortalecerem com as nossas fraquezas. Não é uma mulher sexualizada o problema, mas sim a problematização com intuito apenas de problematizar, sem cabimento ou fundamento. Não transformem tudo em uma piada.

Precisamos quebrar esse mito de que mulheres são sexualizadas por serem escravas dos homens. Mulheres gostam de sexo também, oras. Eu amo tirar fotos de lingerie, mas não faço isso para agradar ninguém além de mim mesma, tanto que a maioria das fotos que eu tiro, acabo nem publicando. Lembro na época do Lingerie Day que as feministas se dividiam entre as que achavam certo e as que achavam errado publicar na internet, tentando ditar regras. Só que não existe regra, existe liberdade! Quer tirar foto de lingerie por livre e espontânea vontade? Tira! Não quer? Não tira! Simples assim. É chato saber que o peito feminino ainda é um tabu, mesmo com todo o movimento Free The Nipple que as próprias feministas criaram.

A Madonna disse em um discurso que não iria negar sua sexualidade para ser feminista, pois era isso que algumas líderes do movimento exigiam dela no começo dos anos 90. Ela então optou por ser uma “feminista má” e continuou emponderando inúmeras outras mulheres através das décadas. Nada mal para quem foi desconsiderada, não é?

Cadê a sororidade nessas horas? Uma das piores coisas do machismo é exatamente isso: tirar a voz e o poder de escolha das mulheres, distorcer suas falas e seus atos, desacreditar de suas palavras. Não existe uma cartilha do que pode ou não fazer no feminismo, por isso não espere o aval de outra pessoa que você considera mais engajada para tomar uma atitude que você acha correta.

Tem um momento que precisamos dar um passo para trás, respirar com calma e analisar os fatos como eles são, não distorcendo a nossa ótica em relação ao assunto apenas para não ser excluída de um grupo. Talvez eu também deveria ter feito isso e dado um tempo para escrever esse desabafo, pois sei que quem já não simpatiza muito comigo ainda irá usar esse post contra mim, alegando que sou machista e blá, blá blá. Fiquem à vontade.

Leia a entrevista completa da Emma Watson para a Vanity Fair aqui.

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