O Girl Power da Dior com a Maria Grazia Chiuri

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Pela primeira vez na história da Dior, depois de 69 anos, uma mulher assumiu o cargo de diretora criativa da maison. Maria Grazia Chiuri saiu da Valentino para trazer leveza e salvar a marca francesa do caos estético que Raf Simons deixou. O anúncio oficial veio ainda em julho, mas o desfile aconteceu apenas hoje, no dia 30 de setembro.

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O mais irônico é que a Dior teve função histórica na criação do estilo lady like, trazendo um shape com a cintura de vespa bem marcada e saias godê para o ápice dos anos 50, o perpetuando até hoje, mas os desenhos das peças sempre foram conduzidos por estilistas homens. Analisando a coleção de estreia da Maria, podemos perceber que ela trouxe fluidez e feminilidade para a marca novamente, que estava em falta por conta do minimalismo mal elaborado do Raf Simons – já falei por aqui o quanto eu estava descontente depois que ele assumiu o cargo em 2012. Apesar dele ter trazido uma modernidade e tentado conversar com um público mais jovem, quem acertou de verdade foi a Chiuri.

A coleção de estreia foi marcada pelo girl power em todos os sentidos, mostrando que as mulheres conseguem alcançar tudo aquilo que desejam – inclusive ser a líder criativa de uma das mais conceituadas grifes do mundo! Percebe-se a tentativa de traduzir os desfiles conceituais e a elegância da mulher Dior para transformá-las em “meninas Dior“!

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Esqueça aqueles shapes antigos e ultrapassados, essa coleção foi feita para agradar o pessoal da internet mesmo, bem ready-to-wear. Notamos a influência que o Instagram, Tumblr, Snapchat e blogueiras tiveram na moda, não apenas no sentido estético, mas também nos assuntos que são relevantes e que conseguem conversar com a moda.

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O New Look de Christian Dior desafiava a modernidade e a forma rigorosa de se vestir, devolvendo à mulher as curvas e o refinamento que a guerra havia apagado, uma moda totalmente nova naquela época. Maria Grazia Chiuri confronta a tradição da Maison Dior e reposiciona a mulher no centro, passando por cima das expectativas e questionando as verdades impostas. Traz uma reflexão sobre as formas de uma silhueta contemporânea, ágil, olímpica, elitista com uma elegância esportiva, mas acessível, pois o uniforme é um elemento ao mesmo tempo único e serial. Através dele, o corpo expressa sua individualidade, já que cada um moldará a roupa que veste e não mais o contrário.

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feminismo, assunto tão atual e necessário de ser abordado, também apareceu com força na coleção. Inclusive há algumas camisetas básicas que com certeza vão virar hit no Instagram – e serão copiadas ad infinitum.

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De maneira um pouco mais discreta, vemos a evolução da mulher na sociedade:

“Procuro estar sempre atenta ao mundo e criar uma moda compatível com as mulheres de hoje. Uma moda que acompanhe suas transformações, que fuja das categorias estereotipadas ‘masculino/feminino’, ‘jovem/menos jovem’, ‘razão/sentimento’, apresentando inclusive aspectos complementares. A esgrima é uma disciplina na qual o equilíbrio entre o pensamento e a ação é essencial, assim como a harmonia entre o espírito e o coração. O uniforme feminino da esgrima é idêntico ao masculino, exceto pelas proteções especiais. O corpo feminino adapta-se a esta roupa que, por sua vez, parece ter sido trabalhada de acordo com suas formas.”, explica Maria Grazia Chiuri

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coração bordado sobre o peito, como nas primeiras roupas das esgrimistas, traduz melhor do que mil palavras a intensidade e a força das emoções vividas pelas mulheres de hoje.

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Os elementos desse uniforme, como as máscaras, os casacos e os cadarços, fazem parte das peças explosivas cujas linhas exaltam a clareza construtiva do projeto de Maria Grazia Chiuri, que incorpora a ruptura fundadora das origens – aquela realizada por Christian Dior – para atravessar livremente uma história extraordinária marcada por diversos talentos, apropriando-se (como na Postproduction de Nicolas Bourriaud) de cada peça útil para construir uma nova gramática, na qual o tempo sempre presente da moda transcorre sem nenhuma lógica.

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Fascinada pelo aspecto íntimo e artesanal da Maison, ela experimenta vários materiais em montagens inéditas. Através de formas descontextualizadas e colocadas em movimento, inventa um diálogo entre os símbolos: o espartilho que não oprime e expressa com leveza e ironia o desejo de se observar e de se dar prazer; a liberdade de deixar visível uma peça íntima técnica e gráfica que segue as curvas do busto.

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Os elásticos estampados com o nome da marca fazem uma referência clara ao universo urbano. O que foi uma moda bem comum no começo dos anos 2000 (Top da Brasil Sul! Quem nunca? rs) e também já apareceu bastante nas coleções recentes da Moschino, que tem um público mais jovem.

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Prevejo a Rihanna usando esse vestido em breve!

Um prêt-à-porter aberto às influências do streetwear, com seus materiais técnicos e uma dimensão mágica, sonhadora, supersticiosa, quase vidente, tão adorada pelo fundador da Maison – que adorava isso e sempre lia cartas de tarot antes dos seus desfiles – e expressa por Maria Grazia em sua famosa frase: “Aprenda a seguir seus sonhos”. Suntuosos bordados com os signos do zodíaco cobrem os tecidos, transformando-se em verdadeiras telas. Inúmeras figuras do tarô, sabiamente aplicadas em diferentes locais, sugerem possíveis interpretações do futuro.

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Minhas peças favoritas foram os vestidos e saias bem fluidos, os blazers e as capris. By the way, essa última tendência já pode ser colocada em prática no verão, né? Fica bem em todo mundo, é confortável e ainda não é tão quente para o comecinho e final da estação.

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Esse rosa é o meu vestido favorito!

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Os acessórios também têm cara de hit, principalmente os chokers e brincos. A minha bolsa favorita foi a preta, bem parecida com as da Moschino tb.

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O penteado é bem fácil de copiar: Os cabelos são presos em um coque bem apertado com o diferencial das tranças adornando a parte traseira da cabeça. Mais uma vez mostrando que a praticidade é fundamental para a mulher atual.

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Não estou surpresa, pois era exatamente o que eu esperava dessa designer, visto o que ela costumava apresentar nas últimas coleções da Valentino. É claro que ela não tem aquela força conceitual e artística do Galliano, mas deu um refresh necessário que a marca e as mulheres consumidoras almejavam. Eu daria uma nota 4 de 5. Ela fez o que o Raf Simons não foi capaz de fazer, portanto estou muito feliz de poder acompanhar novamente os próximos desfiles da Dior – que eram os meus favoritos das temporadas até 2012.

O que acharam desse desfile?

Créditos das fotos: The Impression

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